O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deverá fazer um relato ao Supremo Tribunal Federal (STF) de dois encontros que teve com Jair Bolsonaro (PL) após as eleições de 2022, nos quais o então presidente jamais teria falado ou sugerido qualquer interesse em reverter o resultado da disputa.
Os encontros ocorreram em novembro e dezembro daquele ano, quando Bolsonaro já havia perdido a eleição para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Tarcísio havia sido eleito governador.
São justamente nesses meses que está o foco dos acontecimentos da denúncia oferecida em fevereiro pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro. Tarcísio, segundo seus aliados, tem dito que nem Bolsonaro tratou com ele sobre qualquer conspiração golpista nem lhe chegou qualquer informação a respeito naquele período.
O governador também considera não ser possível associar o 8 de Janeiro a uma tentativa de golpe, como sustentado na denúncia. Para Tarcísio, o episódio foi um ato de vandalismo similar aos cometidos pela esquerda em protestos em 2017, na Esplanada dos Ministérios, e na Câmara, em 2006, quando houve depredação de patrimônio público.
Por ser governador de estado, Tarcísio poderá acertar data, horário e local do testemunho com o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF. É o que prevê o artigo 221 do Código de Processo Penal.
A ideia da defesa de Bolsonaro em arrolar o governador de São Paulo é justamente tentar reforçar a tese de que o ex-presidente nunca cogitou uma tentativa de golpe após a derrota para Lula em 2022.